A EXPRESSIVIDADE DO ROCK E DA MPB

PROJETO MÚSICA PARA O VESTIBULAR E ENEM com o professor Marcello Ferreira e alunos do colégio Sophos Paragominas - Pará 2013.
A música para a maioria das pessoas é uma forma de expressar sentimentos, desejos, frustrações, conceito que não está muito longe da realidade, pois durante muito tempo a música foi utilizada como forma de “abrir os olhos da humanidade” para as questões que afligiam o mundo, como a guerra, a discriminação, a opressão, etc.
Para muitos músicos e intelectuais, a canção não deve falar de coisas banais, mas sim, explorar letras na tentativa de mudar a realidade cruel em que grande parte do mundo vive buscando através da música a conscientização para a humanidade. A música com referência ideológica existe há muito tempo, mas foi a partir da década de 1960 que a música, como forma de protesto, ganhou popularidade, em especial com as bandas britânicas Beatles e Rolling Stones, com a expressividade do rock. Levantando diversas questões como, por exemplo, discussões em favor da liberdade de expressão, pelo fim das guerras e do desarmamento nuclear, idealizando um mundo de “paz e amor”, com músicas como; “Revolution” (Beatles) e “We Love You” (Rolling Stones). Durante a Guerra do Vietnã, outras bandas entraram na onda de protestos. Em 1964, no Brasil, a repressão e a censura instauradas pelo regime militar deram origem a movimentos musicais que viam na música uma forma de criticar o governo e de chamar a população para lutar contra a ditadura. Os grandes nomes desse período foram Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Geraldo Vandré, entre outros. Usando na letra de suas músicas metáforas e ambiguidades, títulos como: “É Proibido Proibir”, “Que as Crianças Cantem Livres” e “Para Não Dizer que Não Falei das Flores” fizeram sucesso na época e até hoje ainda estão presentes nas provas de vestibular.
Foram diversas as canções que falavam da maneira insana que o regime controlava e tratava a população. Já nos anos 70, surgiu o famoso movimento punk rock, representados por bandas como o The Ramones, Sex Pistols e The Clash, esses faziam criticas à Guerra Fria, ao nacionalismo e à monarquia britânica.
Nesse mesmo período surgiu o reggae de Bob Marley na Jamaica, que trazia em suas letras mensagens de protesto e conscientização quanto aos problemas da época. Nos anos 80 e 90, surgiram as principais referências musicais da atualidade. Uma das principais foi a banda pacifista irlandesa U2, fazendo sucesso com a música “Sunday Bloody Sunday”, letra que trazia o desabafo e a indignação do vocalista Bono Vox contra a intolerância religiosa entre protestantes e católicos que resultou na morte de dezenas de pessoas, fato ocorrido em 1972, em Derry, na Irlanda do Norte. Além do U2, muitas outras bandas se engajaram em causas humanitárias e ambientalistas como, por exemplo, a banda australiana Midnight Oil. Já no Brasil os anos 80 marcaram o surgimento dos principais nomes do rock nacional, em especial as bandas nascidas em Brasília e São Paulo como Legião Urbana, Plebe Rude, Paralamas do Sucesso, Capital Inicial e Titãs. Cada uma trazendo seu próprio estilo e suas indignações contra os problemas e a enganação do sistema. Na música “Geração Coca-Cola” da Legião Urbana, é possível ver a indignação contra a soberania norte-americana sobre o Brasil e os demais países da América Central e do Sul.
GERAÇÃO COCA-COLA
(Composição: Renato Russo/ Fê Lemos)

Quando nascemos fomos programados
A receber o que vocês
Nos empurraram com os enlatados
Dos U.S.A., de nove as seis.

Desde pequenos nós comemos lixo
Comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês

Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola

Depois de 20 anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser

Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis

Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola




E foi com esse tipo de letra que essas bandas fizeram e ainda fazem sucesso entre os jovens. Onde todos têm o sonho de fazer a revolução, de mudar a realidade do mundo. Hoje, existem muitos grupos de referência mundial, que fazem sucesso com suas letras de protesto, como a estadunidense Green Day com a música “American Idiot” (Idiota Americano) que manifesta sua oposição à presença militar dos EUA no Iraque:
AMERICAN IDIOT
(Green Day)


Não quero ser um idiota americano.
Uma nação governada pela mídia.
Informações da idade da histeria.
Está chamando um idiota americano.
Bem, talvez eu seja um veado americano, mas eu não sou parte de um grupinho ignorante, os quais não somos obrigados a seguir, onde tudo não é feito para dar certo.
Os sonhos criados pela televisão,
Nós não somos obrigados a seguir.
E isso é o suficiente para discutir.



Essas bandas de caráter revolucionário demonstram o quanto a música ainda é um forte instrumento de manifestação contra o avanço do desenvolvimento desordenado no planeta, autoritarismo e intolerância. A música de protesto iniciada com o rock alcançou outras esferas atingindo novos estilos, hoje o Rap é um dos ritmos mais conceituados da atualidade, apresentando letras de protesto contra as desigualdades sociais, raciais e religiosas (ouça a música “Racismo é burrice” de Gabriel o pensador).


Fonte: http://www.brasilescola.com/artes/musica-protesto.htm
Professor Marcello Ferreira

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